domingo, 10 de junho de 2007

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conto da menina + +

Levantou os olhos e só vi azul, um azul lavado de lágrimas, o vazio da minha presença: olhou-me sem expressão. Eu tinha sentado sem pressa, acabei por abrir o caderno e começar a escrever um conto. Ela não estava para conversas, fechei o caderno para ir embora... - Não vá! Desculpe..., deixe-se ficar. Agora já não sabia o que contar, ela olhava para mim sem olhar para as palavras escritas. As lágrimas secaram, limpou o rosto com um lenço e apagou a pintura. Como continuar esta conversa? - Vá lá!... Porque não fala? Teria querido dar o conto por concluído, tê-la por tela onde tinha pintado apenas a imaginação do escritor, mas agora era a escrita a não querer acabar, a querer ser escrita. - Diga-me, porque chorava? Era muito jovem, deve ter-se lembrado: “Não fales com desconhecidos!” Esperei um pouco mais e dei o conto... por acabado. - Sempre me vou embora, fique bem. Nada se alterou, olhava para mi agora com curiosidade: o que estaria eu ali a fazer? Não disse mais nada, eu acabei por me deixar ficar... Dei conta do que faltava, escrevi (de)pois: Fim + regressar à base Erótica foi a erosão do tempo, a areia na ampulheta. Tenho uma pequena ampulheta, tão fino o furo que a pequena quantidade de areia leva +/- um minuto... a regressar à base; virei-a sobre a mesa, dei-me tempo de não ter nenhuma ideia... antes de me levantar. Acabei por não me levantar, comecei a escrever “a música das esferas”. Este conto sobre as harmonias do Universo, a partir da descoberta do “mecanismo” do Sistema Solar. Imaginei Newton, Copérnio, Sibellius... todos a configurarem a realidade astronómica em torno da gravidade do Sol. A cadeira não se mexeu do lugar, eu comecei a levitar; mais uma vez recorri à ampulheta e, ao fazê-lo, resolvi ficar por aqui. + Eu queria escrever um conto erótico, sem pedófilia! Mas o olhar da menina agora não me largava e eram duas... as meninas dos meus olhos: olhando para mim. Sim, depois de ter estado com a menina, olhando-me num espelho e pensando no olhar dela: tentando olhar o meu próprio olhar. Não, olhando-me não conseguia lembrar o olhar dela, melhor parar. Erótica foi a conclusão, chegares e eu pedir-te... para me consolares! http://recantodasletras.uol.com.br/visualizar.php?idt=13618

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