Aproximação
Dou a esta história o título do poema a partir do qual me conto aqui, com tanta transparência e falta de enredo que até tenho algum medo de poder desinteressar quem lê.
Tanto se diz sobre a autenticidade dos poemas, fica sempre a suspeita sobre a realidade deles. Ora, "fantasiar" a realidade do poema, serve-me perfeitamente.
Acho que escrevi o poema, ou será este conto?, para ilustrar as possibilidades da nossa Língua. A qual devemos tratar bem, conhecer "na ponta da língua" e não ficar por aí... introduzir todo o corpo, até aos neologismos! Incluídos bem, também bem vindos.
Antes de receber o poema houve uma musa, ouve leitor... parece ainda agora uma Cibele. "Si, bela"... quiçá exótica e distante!... Um ser mítico, um desejo erótico?
Ouço-a chamar por mim, mas depois do poema... só sinto... absinto! Imagens potencializadas, oníricas chamadas... Não! Longe, poder pensar: chamada telefónica... Antes, a voz desenhada e lida de palavras escritas: belas como ela, elas a Bela!...
Eu, Zeus, no Zénite deste... desejo. Vou agora chegar a meio da história, curta, serve breve, para nela ser fácil verter (ver e ter) o "sonho" que vim tratar: ter i dar/ retirada - a poesia no poema!
Isso, os teus cabelos
crescem pendendo, como estás
tendo uma cortina luxuriante
cobrindo o rosto
olhando em baixo...
Todo o teu corpo ficou
para estar, ouvindo esta
aproximação...
Que ainda não diz o que... direi
(uma vez em decúbito dorsal
abro teus lábios com os dedos
e te beijo com a língua...)
Saboreie de novo o nome, o título, a imagem... Agora só me falta escrever dos versos que leu, dá-los a ser... Desejo, disse eu. Na realidade, atravessado por ele, sou agora apenas esteta em hedonista meditação!
Talvez o conto não devesse ter começado, já que agora não me apetece acabá-lo e, muito menos, dar-lhe fim. Falarei do poema e direi tê-lo escrito tendo de facto uma foto? Para além do texto!?...
Como continuar uma história com um "sonho" deixado entregue aos fados do poema, à crença de quem quer/quero procure uma Fé: a Poesia do poema.
Leitor/a, gostaria de saber como sentiu o poema: ele poema, falou consigo? Se consigo isso, o conto pode tudo dizer e até... ser excessivo, mas fico feliz.
Na primeira quintilha falava-te muito baixo e fui-te rodeando, a acariciar as tuas costas. Na quadra descrevi sem completar a descrição, continuei acariciando... Só no terceto, já num parênteses, fechei tudo (na história)... Tinha de acabar o conto, a pensar em ti.
http://vertoblogando.blogspot.com/2005/04/mapa-1.html
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